segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Domingo, 17 de Janeiro de 1993

Hoje levantei-me particularmente ansioso e feliz. Em primeiro porque é o meu pai prometeu que viria, e segundo porque hoje é o meu aniversário, supostamente é um dia especial para todos os meninos da minha idade. O meu pai está em França por questões profissionais, à mais de 5 meses que não o vejo, sinto muito a falta dele.
Abri a janela e já por detrás das nuvens negras o sol tentava erguer-se, com os seus primeiros raios reluzentes a baterem na minha janela, mirava a casa na árvore, que me trouxe à memória bons e felizes momentos que passei com o meu pai. O vento trazia-me um odor a mar, era do outro lado da rua o peixeiro a vender o seu peixe fresco e a cativar freguesas, e o Andy no quintal a ladrar com o carteiro.
Ouvia os passos da minha mãe de um lado para o outro a fazer os preparativos para a minha festinha ao final da tarde.
Desço as escadas e coitadinha da minha mãe, muito atarefada e cansada com as mãos enfarinhadas, de volta do forno. Percebi que ela estava preocupada porque mesmo com o seu esforço ela sabia que se o meu pai não batesse a porta hoje, seria a pior festa de aniversário de toda a minha vida.
Fui ao quintal, o Andy mal me viu saltou para cima de mim como me tivesse a dar os bons dias, igual a todos os dias quando me vê pela manhã. Subi à casa na árvore, debrucei-me sobre a janela, avistei ao fundo da rua um grupo de crianças a saltar a corda, pareciam felizes, certamente os pais deles estavam sempre presentes. Eu ia desviando o olhar no sentido contrário da rua, na esperança de ver o meu pai chegar.
Os raios solares batiam forte na janela e no meio daquela luz cintilante reparo que está a chegar um táxi, desci a árvore tão rápido como nunca antes, atravessei o quintal fui direto ao portão que dava para a rua. O meu coração quase saltava do meu pequeno peito vermelho, por ter descido a árvore tão rápido. O táxi parou frente ao portão e eu olhava para a porta fixamente sem pestanejar, eu nem queria acreditar, era o meu pai ele prometeu e veio. Corri direito a ele, abracei-o com todas as forças que tinha, não o larguei até chegar à porta de entrada da casa.
Entretanto os meus amigos foram aparecendo, com grande sorriso nas suas caras e com muitas prendas, mas a verdade é que não lhes dei qualquer atenção, a minha concentração estava apenas direcionada para o meu pai, só queria matar as saudades e pensei, pai só tenho um, e raramente o vejo, amigos tenho muitos e vejo-os todos os dias!

Nuno Marcelino 1BE

Sem comentários:

Enviar um comentário