Hoje levantei-me particularmente ansioso e feliz. Em primeiro porque é
o meu pai prometeu que viria, e segundo porque hoje é o meu aniversário,
supostamente é um dia especial para todos os meninos da minha idade. O meu pai
está em França por questões profissionais, à mais de 5 meses que não o vejo,
sinto muito a falta dele.
Abri a janela e já por detrás das nuvens negras o sol tentava
erguer-se, com os seus primeiros raios reluzentes a baterem na minha janela, mirava
a casa na árvore, que me trouxe à memória bons e felizes momentos que passei
com o meu pai. O vento trazia-me um odor a mar, era do outro lado da rua o
peixeiro a vender o seu peixe fresco e a cativar freguesas, e o Andy no quintal a
ladrar com o carteiro.
Ouvia os passos da minha mãe de um lado para o outro a fazer os
preparativos para a minha festinha ao final da tarde.
Desço as escadas e coitadinha da minha mãe, muito atarefada e cansada
com as mãos enfarinhadas, de volta do forno. Percebi que ela estava preocupada
porque mesmo com o seu esforço ela sabia que se o meu pai não batesse a porta
hoje, seria a pior festa de aniversário de toda a minha vida.
Fui ao quintal, o Andy mal me viu saltou para cima de mim como me
tivesse a dar os bons dias, igual a todos os dias quando me vê pela manhã. Subi
à casa na árvore, debrucei-me sobre a janela, avistei ao fundo da rua um grupo
de crianças a saltar a corda, pareciam felizes, certamente os pais deles
estavam sempre presentes. Eu ia desviando o olhar no sentido contrário da rua,
na esperança de ver o meu pai chegar.
Os raios solares batiam forte na janela e no meio daquela luz cintilante
reparo que está a chegar um táxi, desci a árvore tão rápido como nunca antes,
atravessei o quintal fui direto ao portão que dava para a rua. O meu coração
quase saltava do meu pequeno peito vermelho, por ter descido a árvore tão
rápido. O táxi parou frente ao portão e eu olhava para a porta fixamente sem
pestanejar, eu nem queria acreditar, era o meu pai ele prometeu e veio. Corri
direito a ele, abracei-o com todas as forças que tinha, não o larguei até
chegar à porta de entrada da casa.
Entretanto os meus amigos foram aparecendo, com grande sorriso nas
suas caras e com muitas prendas, mas a verdade é que não lhes dei qualquer
atenção, a minha concentração estava apenas direcionada para o meu pai, só
queria matar as saudades e pensei, pai só tenho um, e raramente o vejo, amigos
tenho muitos e vejo-os todos os dias!
Nuno Marcelino 1BE
Nuno Marcelino 1BE
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