domingo, 14 de novembro de 2010

terça-feira, 17 de julho de 2008

                                                           A Recompensa               

 Hoje descobri  que o ser humano é maravilhoso quando se eleva à sua grandeza cósmica. Logo de manhã combinei ir almoçar com o Rui, que já não via há algum tempo, para conversar e saber novidades do departamento dele. A manhã passou como todas as manhãs, lenta e stressante, mas a uma hora por fim chegou e lá fomos almoçar.
  Já com a bica a chegar eis que toca o telemóvel, não conheço o número mas lá atendi já que pode ser do serviço. Não era... era uma tal de Marina Carvalho que queria falar comigo. Marina? Mas qual Marina? Quem é ela? Era a rapariga a quem eu tinha comprado um livro de Bocage certa vez...
 Já sei quem é... Há seis anos atrás apareceu-me ao balcão uma miúda que andava a vender livros para pagar o curso. Tudo bem, quanto custava? Setenta euros. O quê? Mas ela era doida ou quê? Por esse preço comprava a livraria. Conversámos um pouco, ela disse-me que queria ser bióloga marinha, que já andava há algumas semanas a vender e que, custasse o que custasse, ia conseguir. Ok, pronto, e até porque não sei dizer que não, lá me convenceu a dar-lhe o dinheiro perante o espanto e a troça dos meus colegas. Eles fartaram-se de gozar comigo, tipo, que as boas acções são para quem as pratica, que tinha segundas intenções, eu sei lá que mais...
 Passadas duas semanas o livro chegou pelo correio e fiquei a pensar que essa Marina era afinal uma miúda séria.
 O tempo foi passando e a história caiu no esquecimento até hoje à tarde quando ela me telefonou para dizer que tinha finalizado o curso e que estava a contactar a todas as pessoas que a tinham ajudado para lhes agradecer pessoalmente... Fiquei sem palavras. Isto sim, isto é um gesto bonito, isto é que é uma recompensa.
 De tarde quando cheguei ao serviço, dei por mim a olhar para os meus colegas e a rir-me sozinho, até eles me perguntarem o que é que eu tinha. Não tinha nada, não se passava nada. Afinal as boas intenções são para quem as pratica, a retribuição é um gesto que não está ao alcance de qualquer um. E que bem que me senti nesse momento.


                                                                                                        

Um abraço, Carlos      1º BC 

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