sábado, 6 de novembro de 2010

Diário: Lisboa 30 Novembro 1988

Hoje foi o meu segundo dia de trabalho. Quando me levantei de manhã ainda estava mais aterrorizado do que ontem, pois o meu patrão mandou-me ir ter a outra obra. Ontem tive muita sorte porque fui apresentar-me ao trabalho na mesma obra onde andava o meu o pai.

Mas pronto, tinha que ser. O meu pai levou-me ao comboio onde estava o meu colega à minha espera. Apanhámos o comboio para Mem Martins. Foi a primeira vez que andei de comboio.

A obra era num talho que está a ser remodelado, não é muito grande mas temos lá muito trabalho. Tudo aquilo me faz muita confusão, alicates, fios, ligadores, tanto material e ferramentas que eu nunca tinha ouvido falar. Mas ao mesmo tempo tudo aquilo me fascinou ao ver a instalação tomar forma e no fim ver como funcionava, apesar de não perceber ainda o que foi feito.

Quando foi altura de voltar para casa fomos outra vez de comboio eu e o meu colega. Estávamos a tirar o meu bilhete porque ainda não tenho o passe social, quando o comboio chegou à plataforma o colega desatou a correr para apanhar o comboio e eu atrapalhado a receber o troco fiquei para trás. Quando cheguei à plataforma já o comboio estava em andamento, as portas ainda estavam abertas e ainda consegui saltar lá para de dentro, mesmo quando o comboio estava chegar ao fim da estação. Já lá dentro e sentado o meu colega gozou comigo, e eu só conseguia pensar no que seria de mim se tivesse perdido o comboio. Mas a aventura ainda não tinha acabado porque quando cheguei ao local onde tinha combinado esperar pelo meu pai, ele ainda não estava lá e tive de esperar mais de uma hora. Aí é que fiquei mesmo em pânico porque já pensava que me tinha enganado no sitio e que agora é que estava mesmo perdido. Ali sozinho, pensava no que iria fazer, sem conhecer ninguém nem o sítio onde estava. Só via carros e prédios à minha volta, eu que só costumava ver pinheiros e só via carros muito raramente. Finalmente, ao fim de uma hora, lá apareceu ele, também já preocupado porque se tinha atrasado.

Agora que estou para ir dormir já estou mais calmo. Amanhã será outro dia.



José Carlos Mateus – 1º BE

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