terça-feira, 2 de novembro de 2010

Diário: Loures 15 Setembro 1972

Hoje foi um dia diferente de todos os outros porque ao levantar-me tive uma sensação estranha de que algo me ia acontecer, não sabendo bem o quê. As férias estão a acabar e é preciso aproveitar, por isso estive a jogar futebol com os meus amigos, num pequeno terreno que era o nosso campo. O dia esteve cinzento, não se vislumbrou o sol e havia muitas nuvens, parecia que ia chover. Jogámos uma grande partida de bola com muita luta, suor e discussão mas acabou tudo bem. No caminho para casa, parámos ao pé de um poste de electricidade alto em cimento, encostado a um muro também muito alto. O poste tinha vários furos que servem para subir mas a nossa ideia não foi subir, mas sim atirar pedras para ver quem conseguia passar pelo furo por nós determinado. Ao fim de várias tentativas ninguém conseguia aquela grande proeza mas ao olhar para o chão reparo numa pedra redondinha e digo para os meus colegas: “Olha esta batatinha, querem ver!? ”, atirei-a e passou pelo furo. Foi uma festa, senti-me um herói, os meus amigos continuaram a tentar mas mais ninguém conseguiu tamanha proeza.

Ao sairmos do local numa grande galhofa ouvimos uma voz: “Ó miúdos, quem é que esteve a atirar pedras que me partiu o vidro do carro?”. Claro que não foi ninguém, mas ao aproximarmo-nos do carro (um carocha cinzento), lá estava o vidro partido e a célebre batatinha dentro do carro, em cima do banco de trás, com muitos grãos de vidro em pedacinhos à volta. As dúvidas desapareceram, a pedra-batatinha era a arma do crime. Fiquei algum tempo a pensar o que fazer quando a notícia chegasse a casa porque o dono do carro era conhecido dos meus pais. Optei então pela estratégia de entrar em casa a chorar e contar o que se passou à minha maneira e tudo se resolveu em bem. Tal como eu tinha previsto de manhã, este foi um dia bem diferente dos outros.

 
Jose Martins 1º BE

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