segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Influência dos mass-média na opinião pública


Influência dos mass-média na opinião pública

Existem vários tipos de comunicação social, imprensa escrita, audiovisuais, imprensa virtual, todos eles têm a responsabilidade de informar as populações de forma fidedigna e com a perspectiva mais correcta.
Para nos apercebermos da influência dos média na opinião pública vamos dissecar o caso Maddie McAnn e todas as suas reviravoltas e manipulação.

Inicialmente a Maddie começou por aparecer na imprensa audiovisual como desaparecida, com a tese de rapto. Rapidamente todos os meios dos média demonstraram um interesse afincado neste caso. Tornando-se rapidamente num dos casos mais noticiados na altura. Iniciaram-se as investigações com a participação da PJ e elaboraram-se buscas com a ajuda da população portuguesa, no meio cibernauta criaram-se sites para angariar fundos para pagar as despesas que a família estava a ter e para pagar uma recompensa ao indivíduo que encontrasse a Maddie. Ou seja com a tese de rapto em cima da mesa a ajuda popular estava receptiva.
Robert Murat, que reside a poucos metros de distância do apartamento de onde a criança desapareceu, foi constituído arguido pela Polícia Judiciária (PJ), ao fim de 11 dias de diligências, por suspeitar da sua implicação no caso, mas não encontrou provas para o deter. A reacção popular enalteceu-se contra Robert pois foi encontrado um bode expiatório, mas continuavam a apoiar os pais.
O caso deu uma reviravolta na reacção da população quando o inspector Gonçalo Amaral propôs a tese de assassinato por parte dos pais. Mencionando que era uma irresponsabilidade por parte destes abandonarem 3 crianças num apartamento de hotel, num pais desconhecido para consumir 7 garrafas de vinho com os amigos. Com estas alegações de Gonçalo Amaral a população ganhou uma nova perspectiva e começou a julgar os pais, pondo em causa a sua conduta.
Em Setembro de 2007, também os progenitores da criança foram constituídos arguidos, depois de terem sido sujeitos a várias horas de interrogatório no Departamento de Investigação Criminal (DIC) da PJ de Portimão. É que, após receber os resultados das primeiras análises forenses, a Polícia Judiciária passou a centrar as suspeitas no casal McCann - por alegada ocultação do cadáver -, apontando a morte como "a causa provável para o desaparecimento da menina".
APUPOS PARA O CASAL MCCANN
A ida de Kate e Gerry McCann às instalações da PJ de Portimão marcou uma viragem na relação dos populares com o casal: os curiosos que passaram o dia na rua apuparam a mãe e o pai de Maddie, criticando sobretudo a "ausência de sofrimento visível" de Kate.Também a imprensa estrangeira marcou presença em grande número.
FOTOGRAFADOS A PASSEAR
Nos seus cadernos de apontamentos, Kate deu conta que os passeios com os gémeos eram combinados com a imprensa inglesa.Várias vezes foram fotografados a entrar e a sair do apartamento do Ocean Club, na Praia da Luz.
INGLESES ATACARAM GONÇALO AMARAL
Gonçalo Amaral, coordenador do caso Maddie durante os primeiros cinco meses, que nunca acreditou na tese de rapto, foi duramente atacado pela imprensa inglesa - controlada e manipulada pelo casal McCann.O ex-inspector da Judiciária, que com 17 anos de carreira se reformou e publicou em livro a sua tese sobre o desaparecimento de Maddie, foi afastado do caso a 2 de Outubro, no dia em que completou 48 anos.Quando a investigação deixou de estar centrada no rapto, após os primeiros resultados de ADN e da actuação dos cães-pisteiros, Gonçalo Amaral foi acusado de ser um "bêbedo".Os tablóides ingleses, até o mais sóbrio 'The Times', escreveram que os inspectores portugueses da Polícia Judiciária, responsáveis pela investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann, faziam duas horas de almoço, durante as quais ingerem bebidas alcoólicas.Além das refeições "bem regadas", os jornalistas britânicos acusaram ainda Gonçalo Amaral de trabalhar apenas quatro horas por dia.Perante estes factos também nos leva a pensar que a imprensa não so acaba por influenciar a opinião publica , como também pode provocar divergências e ou atritos nas relações diplomáticas dos dois paises.O caso, que mais do que uma investigação se revelou um processo político e diplomático, acabou por precipitar a aposentação de Gonçalo Amaral, que no livro 'Maddie, a Verdade da Mentira', relata as pressões sofridas.O ex-coordenador do processo mantém-se convicto de que Madeleine McCann morreu acidentalmente na noite de 3 de Maio no apartamento do Ocean Club onde estava de férias.
IMPRENSA MANIPULADA
Os McCann controlavam a imprensa inglesa - que constantemente atacou a polícia portuguesa- para não serem alvo de notícias desfavoráveis e, em troca, ofereciam sessões fotográficas previamente combinadas.Isso mesmo é admitido por Kate nos seus cadernos, designadamente a 15 de Junho, quando combinou "uma sessão de fotografias a caminho da igreja para os apaziguar".Já da editora do jornal 'Sun', a 11 de Julho, Kate teve a garantia de que não haveria "publicidade adversa"."Foi mesmo simpática. Solução perfeita", concluiu Kate.Agosto, 16, Quinta-feira - Pais de Madeleine agradecem apoio de milhares de pessoas. PJ de Faro desconhece "oficialmente" resultados das análises.Sangue não é de Maddie, diz The Times.Laboratório diz que análises ao sangue ainda não terminaram.Madeleine morreu na noite do seu desaparecimento, afirma Daily Mail.PJ desmente imprensa britânica no caso Maddie.Alípio Ribeiro, director nacional da PJ diz, em entrevista ao programa 'Diga lá Excelência' que a constituição dos pais de Madeleine como arguidos poderá ter sido precipitada.Após estes factos que vão surgindo na imprensa, é normal que (não sendo os mesmos conclusivos), a opinião pública se deixe levar e influenciar por aquilo que lê, alterando várias vezes e de várias formas a sua opinião sobre o caso.
Um exemplo desse tipo de situações é o demonstrado em baixo, numa breve descrição do ocorrido em um programa, numa estação de televisão e para um número alargado de pessoas e de varias regiões do país e possivelmente do globo.

"Opinião Pública" na SIC Notícias.
As opiniões não divergiam muito: todos deram largas aos seus complexos de inferioridade em relação aos ingleses e mostraram-se indignados por estes terem criticado a nossa polícia (que um disse ser "a melhor do mundo"). Na mesma onda, outros diziam que os portugueses nunca deixariam os filhos sozinhos: quase todos se mostraram indignados com o casal McCann, que mesmo que não tenha assassinado a filha, é culpado na mesma porque a deixou sozinha. Um dizia que aquilo de eles andarem de mão dada é "uma farsa". Outro, da Marinha Grande, disse que logo no início foi pessoalmente à PJ de Coimbra para lhes dizer que se via logo pela cara de Kate McCann que ela era culpada. Outros concordaram que era impossível uma mãe que perdeu a filha não chorar se não fosse culpada. Se fosse inocente já a tínhamos visto chorar! Houve quem lembrasse que Kate uma vez andou agarrada ao peluche, mas assim que deu de costas atirou o peluche fora. Se isso não é uma prova, o que é uma prova? Também houve quem reparasse que nunca vimos a Madie com o peluche, só vimos a mãe! Um disse que eles contactaram o embaixador britânico antes de chamarem a polícia portuguesa (mentira) porque ele é amigo do primeiro-ministro britânico e estava a tentar dar a volta ao assunto
através de influências políticas. Também havia quem tivesse a certeza que o laboratório estava envolvido na tramóia (tráfico de influências) porque não é normal demorarem tanto tempo a dar os resultados. Os mais púdicos diziam que "não fazem julgamentos na praça pública, mas que... Houve quem não os perdoasse terem envolvido o papa nisto. Houve, por fim, quem não os perdoasse porque "o melhor do mundo são as crianças".Foi a imprensa que deu esta volta à opinião pública. Assim que passaram os cem dias da Maddie desaparecida, começaram a preparar a versão Maddie assassinada, para manter as audiências. Culpar o casal é a forma mais fácil de alimentar a curiosidade de um povo, sem escrúpulos, ávido de formar opinião sobre assuntos que não conhece, pelo menos não o suficiente para ter legitimidade para formar opinião.Pergunto-me se serei diferente deles. Afinal estou aqui a dar a minha opinião. Mas dou uma garantia: eu não estou aqui a dizer se eles são culpados ou inocentes, porque não faço julgamentos públicos, mas que a imprensa influencia a opinião publica, lá isso influencia.
Maria Conceição Rodrigues
09.11.2009

1 comentário:

  1. O caso Madeleine pode ser dado como certa, tanto a teoria da PJ, quanto outra qualquer porque todas carecem de provas.
    Porém, muito se tem dito que os pais de Madeleine, foram irresponsáveis e que "abandonaram" a menina no quarto.
    Isto não procede absolutamente.
    Uma vez que se paga a diária, está subentendido que o hotel deve prover segurança aos hóspedes.
    Seria mais ou menos como uma extensão de suas próprias casas, onde a menina, muitas vezes, ficou dormindo sozinha, por certo.
    O hotel, pela diária que cobra, deveria ter câmeras de segurança e empregados responsáveis circulando pelos corredores, uma vez que, mesmo não se supondo um sequestro, por certo, há que se cuidar também dos objetos deixados no quarto.

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