HÁ DECISÕES QUE INFLUENCIAM TODA UMA VIDA

Estava eu, um dia, a passar pelo corredor de um espaço comercial, quando me deparo com uns folhetos de divulgação: “Sangue do cordão umbilical, células mãe que ligam à vida”. Na altura não atribui muita importância, embora já tivesse ouvido falar do assunto através de alguma publicidade e da comunicação social, mas muito vagamente. No entanto, não sei se por neste momento estar em estado de graça, este assunto despertou a minha curiosidade e a tomada de consciência da sua pertinência. Realmente fez-me pensar neste assunto que pessoalmente acho muito delicado.

Diariamente temos conhecimento de casos, não só de adultos mas também de crianças, a quem foi diagnosticada uma doença grave, como por exemplo, leucemia, linfoma, etc..

Até há bem pouco tempo, a única alternativa encontrada pela medicina para dar resposta a estas doenças consistia em procurar um dador de medula óssea que fosse o mais compatível possível com o paciente, mesmo existindo a possibilidade de rejeição no transplante. Este é um processo longo, caro e, por vezes, a probabilidade de se encontrar um dador compatível é muito reduzida.

A criopreservação, técnica através da qual é possível conservar células estaminais do sangue do cordão umbilical, permite que estas estejam disponíveis no futuro, para que possam ser utilizadas quando necessário. Actualmente existem 3 empresas que em Portugal prestam este serviço. São elas, a Crioestaminal, a Bioteca e a Bébévida.
Algumas das principais vantagens da Criposervação são:
- dar uma protecção ao filho, caso necessite das células não existe a possibilidade de rejeição, pois tratam-se de células do próprio dador, sendo estas 100% compatíveis com o próprio;
- dar uma protecção para a família, existindo maior probabilidade das células do filho serem compatíveis com familiares directos;
- disponibilidade imediata em caso de necessidade de utilização das células;
- método de recolha simples e indolor para a mãe e para o bebé.
Algumas das doenças tratáveis com células estaminais: transplantes para tumores malignos, transplantes para doenças do sistema nervoso central, Esclerose múltipla, Leucemia, Doenças de Fígado, Doenças cardíacas, etc..
Há cerca de 1 ano, foi dado a conhecer ao País, através do telejornal, o primeiro caso de sucesso. Uma criança de Coimbra com dois anos, tinha um problema congénito que lhe retirava as capacidades de reagir às infecções. Através das células estaminais do cordão umbilical do irmão mais velho, foi permitido salvar-lhe a vida fazendo um transplante.
Dizem as estatísticas que apenas 1 em 20 mil casos de pessoas que recorrem a este serviço, necessitam, mais tarde, de as utilizar... Mas então e se o nosso filho é o tal caso em 20 mil? Já terá valido a pena este "seguro de vida"... e será que me ia perdoar por ter tido essa possibilidade e não o ter feito?
Outra questão que se levanta é o facto de nem toda a gente ter capacidade financeira para pagar os valores que as empresas pedem. Realmente é muito caro (pode ir até aos 1235,00€),...e é pena que os seguros de saúde não comparticipem a priori um serviço que pode no futuro vir a sair bastante mais caro (algumas têm apenas desconto de 5%)...e quem diz as seguradoras diz o próprio estado!

Após ter feito este trabalho e pesquisa, ainda não consigo ter uma opinião formada. Pois se por um lado acho que se deve investir numa situação destas, pois não sabemos o dia de amanhã, por outro, parece que ao aderir a este serviço posso estar a antecipar algo de “mal”, pago mas não quero utilizá-lo….
Com isto, concluo que se não fosse o marketing, publicando anúncios de divulgação, e a televisão, nunca teria tido conhecimento desta nova forma de prevenção familiar.

Liliana Marques 1º FB