quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Os Media e eu


O amor ódio

O alarme do telemóvel rompe o silêncio da manhã fria, sei que tenho de colocar os pés fora da cama para começar um novo dia. O telemóvel nunca falha, ao contrário do velho despertador que quase acordava o prédio inteiro e me fazia saltar da cama, como se fosse pular da janela do 9º andar onde moro. O único senão é que não identifica feriados.

Quando finalmente desço o elevador que também tem rádio e, na minha opinião seria melhor não ter pois, quando chego da escola por volta da meia-noite está sempre a tocar uma música da pesada aos altos berros e, sinceramente, não sabe nada bem a seguir a um bom par de horas de Contabilidade. Finalmente entro no meu carro e já vou com as notícias de última hora quase todas concluídas: se chove se faz sol, o que se passou na China, o trânsito na A8. O trajecto até à escola onde vou levar a miúda é feito ao som da cantora de maior sucesso da actualidade segundo a última pesquisa feita pela minha filha, ontem na Net. Quando volto, mais tarde, já com compras feitas, é altura de ligar o computador e ver se a tia do Brasil mandou as fotos das férias em Espanha, ou se a colega da escola está on-line para lhe perguntar como vou gravar o trabalho na pen que o professor nos enviou. Tenho azar e a Net não está a funcionar, por isso, ligo a T.V. para ver a ópera que gravei e ainda não consegui deitar um olhinho.

Nisto toca o telefone e, no visor, aparece o nome de alguém que não quero atender. Deixo tocar até desligarem. Vou tentar de novo a Net e, como finalmente já tenho rede, ligo-me. Por tal azar, lá está a mesma pessoa a quem eu não atendi, que chatice, agora vou ter de lhe falar… para a próxima abro como off-line. Tenho saudades dos tempos idos em que ninguém sabia onde estávamos tão depressa e tão intrometidamente, em que a carta era como um exercício mental, a imaginação corria, saltava como um corcel e pulava livre nos campos da realidade, em que e as saudades eram mais sentidas e as visitas um verdadeiro repasto. Mas é evidente que não posso passar sem a televisão, internet e rádio no dia-a-dia. Em resumo uma dependência fatal, em parte desejada, em parte não.

Maria Sequeira 2º BC

Sem comentários:

Enviar um comentário