segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Diário: Lisboa 18 de Junho de 1983

Pela milésima vez olho o relógio. A meia noite acabou de chegar e já é 18 de Julho de 1983.
Como o tempo passa devagar.
Lá dentro, uma mulher, hora após hora, luta para trazer ao mundo um novo ser, e eu, cá fora, longe e tão perto dela, anseio e recordo os últimos meses que alteram toda a minha vida.
Desde o dia em que a conheci tudo tinha mudado e, quando a boa nova chegou, foi como nascer de novo para a vida e para o amor.
Meses de ansiedade, semanas de preocupação, dias de angústia e agora estas horas infindas, passadas num corredor de hospital, onde quem passa, olha e diz:
..." Vai para casa, que logo te telefono quando houver novidades"...
E ela como está ? É a pergunta mil vezes repetida, a todas as suas colegas que podem entrar pela porta que eu tanto olho de longe e também  queria atravessar.
Meia noite e cinco. -Só passaram cinco minutos ?
Muitos outros continuam a passar, noite fora, até o cansaço vencer e alguém me abanar.
..."Acorda, Acorda, vem ver o teu rapaz. Sai ao Pai, já me disse a Mãe"...
E o relógio que tinha avançado todos os cinco minutos, marca já as nove da manhã.
Um novo dia nasceu, e, com ele o sonho de uma nova vida também.

Fernando Dias   1º BC

Sem comentários:

Enviar um comentário