quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Diário: Camarate 4 de Dezembro 1980

Hoje estava à varanda à espera do meu marido para jantar. Vejo um avião levantar do aeroporto, como de costume, só que de repente perde altitude e cai sobre as pequenas casas do bairro das Fontainhas. Segue-se um clarão e explosão em simultâneo, a 100 metros de mim.
Fiquei muito aflita e ao virar-me para trás, para dentro de casa, bati com a testa no estore, fiz um corte, comecei a sangrar mas eu queria era acudir às pessoas do avião e aos residentes das casas, nem liguei à festa. Comecei a gritar. Eu e o meu pai fomos as primeiras pessoas a chegar ao local. Logo a seguir foram os bombeiros do aeroporto e outras corporações de emergência.
O avião estava a arder e não houve nada a fazer pelos seus ocupantes.
Até que se soube que entre os passageiros ia o Francisco Sá Carneiro, primeiro-ministro.As entidades policiais começarama dispersar as pessoas dali, e foi então que eu saí e fui ao hospital fazer o meu curativo à testa, com uma cicatriz que ainda hoje é visível.
Hoje o bairro está num corrupio.
Gente anónima, jornalistas, estações televisivas quer nacionais quer internacionais, o Presidente da República Ramalho Eanes, políticos de todas as forças politicas, enfim! Muita gente importante do nosso País.
Para nós moradores apesar de ser uma tragédia, está a ser importante para a nossa terra e para nós próprios, porque estamos a ver pessoalmente muitas caras públicas ao vivo. Eu, como assisti a tudo, por acaso ainda não consegui superar o trauma deste acidente.
                              

                                                                                                  
    
                                                                                                Mª Adélia Ruivo       1º AL

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