segunda-feira, 12 de novembro de 2012

18 de Junho de 1971

Já clareia o dia; -Não consegui dormir toda a noite!
Estou emotiva, ansiosa e não consigo parar de pensar, pois este dia para mim é diferente dos outros. É o dia em que vou fazer o exame da 4ªclasse.
Estou contente por ter sido apurada e mais três colegas, mas nervosa, pois tenho que me deslocar ao local onde é a delegação escolar do concelho. Aí vou estar com outros alunos e professores desconhecidos.
Nervosa mas feliz, porque vesti um vestido com flores que a minha mãe me fez e calcei ums sapatos novos.
São oito e trinta, está na hora de ir para a escola não a pé, como de costume , mas acompanhada pela minha mãe, pois é longe e temos de apanhar o autocarro.
À medida que se aproxima a hora mais sinto meu corpo tremer.
Chegámos!  Aproxima-se a hora de entrada, entro na sala com os outros alunos; - Que ambiente estranho.
Fazem a chamada, colocam-me a folha de teste na mesa e os problemas para resolver.
Ao olhar deparei com muitos exercícios para resolver, operações de dividir e multiplicar que enchem uma página.
As minhas mãos tremiam e estavam molhadas pelo suor, dificultando o uso da caneta a tinta permanente.
No final tive de voltar  a escrever o texto , pois como carrego nos erres os professores quiseram ter a certeza que eu sabia escrever. Perguntaram-me se eu era mesmo Portuguesa; eu disse que sim e deram-me ordem de sair.
Que alívio, mas ansiosa para saber se tinha ficado bem.Fui almoçar com a minha mãe e pasado algum tempo vieram as notas.
Fiquei muito feliz quando vi o meu nome na lista dos aprovados, mas comovida pois as minhas colegas ficaram reprovadas.
É chegada a hora de voltar para casa.
Feliz mas cansada, chego a casa ao anoitecer ouço a voz dos meus pais dizerem que já não ia mais para a escola.
Triste, pois só tenho dez anos e quero aprender mais do que já sei.

Rosário 2ºBC    
 

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