quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os media e eu









Estes meus 53 anos de idade foram sempre acompanhados pelo som de um rádio.
Quando era pequena era uma telefonia grande que estava em cima de uma mesa na sala de jantar. Na altura eu.não fazia ideia de como as pessoas, os locutores e os artistas falavam lá de dentro. A minha mãe dizia que trabalhava a “válvulas”, mas como é que as pessoas falavam lá de dentro? Para mim era um mistério. Eu e a minha irmã tentávamos descobrir, virávamos o aparelho de todas as maneiras, seguíamos um fio da parede mas afinal era a eletricidade que saía da parede por um fio e não as vozes.
Os programas mais ouvidos na rádio eram os Parodiantes de Lisboa, as Noticias, e as Rádio Novelas, lembro-me particularmente de uma que era Simplesmente Maria. Dava às 18 e no inverno a minha mãe fazia chá e torradas e ficávamos a ouvir, com o braseiro já aceso. Era um momento muito aconchegante.
Muito mais tarde e só depois de ver televisão, tinha 12 anos (1970), percebi que as pessoas não cabiam dentro dos aparelhos e que tinha de ser de outra maneira; lembro-me do genérico da televisão que mostrava as torres e as ondas de som a propagarem-se e assim percebemos, eu e a minha irmã que as imagens vinham de longe.
Na televisão víamos a abertura às 19 horas e o Jornal da Noite que falava de notícias do mundo todo. Se havia futebol o meu pai procurava ver as equipas na televisão, pois”-era como ir ao campo de futebol, mas mais barato!”- dizia ele. Lembro-me de ver séries na televisão como Dallas e Bonanza e sempre que se sabia que ia dar uma Noite de Cinema, não perdíamos. Foi assim que tive oportunidade de ver em cinema as obras de autores universais que eu já tinha lido como por exemplo, A Morgadinha dos canaviais e E tudo o vento levou. De revistas tenho pouca memória, pois eram caras e nós morávamos longe da papelaria, mas, comprávamos sempre o Diário de Noticias ao domingo ou quando havia alguma catástrofe nacional como, por exemplo, o tremor de terra em 1967 e as cheias em 1969.
Nesse jornal via sempre a necrologia. A minha mãe contava sempre uma anedota do homem que costumava estar no café a ler e os amigos perguntavam porque ele lia sempre “ os mortos” ele respondia que era para ver se lá estava o nome dele, um dia o amigo que também já se acostumara a ler a necrologia disse muito espantado “olhem hoje que está cá a fotografia do António é que ele não veio ler “os mortos”-.

Maria Paula
2 AE



Sem comentários:

Enviar um comentário