quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os Media e EU


Os Media na minha infância tiveram uma influência relativa pois não me recordo propriamente do dia em que os meus pais compraram a primeira televisão a preto e branco, pois a cores nem em sonhos, a primeira telefonia ou que li o primeiro jornal.
Espectacular foi o impacto da primeira televisão a cores, o que possibilitava uma imagem mais real dos factos e o primeiro comando, o qual, proporcionava a mudança de canal, sem a deslocação do sofá.
Na minha infância a televisão estava instalada na sala e era vista em conjunto. Durante a semana  a emissão abria por volta das cinco da tarde e fechava com o hino nacional às onze horas da noite, ao sábado abria mais cedo. Os programas que me recordo eram a Pipi das Meias Altas, o Tintim, o Estica e o Bucha, a Pantera cor-de-rosa, o Bonança, Uma Casa na Pradaria, os históricos filmes portugueses, mais tarde, a novela “Gabriela cravo e canela” o concurso apresentado pelo Carlos “Bota Botilde” entre outros.
Nesse tempo, Durante quase todo o dia quem liderava era a telefonia, especialmente ao sábado ao almoço, onde se soltavam gargalhadas com os “Parodientes de Lisboa” e o “Patilhas e ventoinha”. Ao meio da tarde era transmitida a rádio novela “Simplesmente Maria” e a minha mãe enquanto  engomava chorava convulsivamente sobre as desgraças da protagonista. Depois da televisão fechar a emissão adormecíamos ao som de uma pequena telefonia, sobre a mesa de cabeceira, a ouvir os “Discos Pedidos” e os programas da noite.
Quando era miúda lembro-me da confusão que era para mim compreender como é que as pessoas conseguiam estar dentro da televisão, ou ouvir a voz a sair por um aparelho de telefonia e pensava que elas estavam mesmo lá dentro. Por isso, uma vez escavaquei uma telefonia, escusado será dizer que levei umas boas palmadas e fiquei de castigo sem poder ir brincar para a rua. Noutra ocasião cortei a frente de uma caixa de papelão e enfiei-me dentro da caixa a fingir que estava na televisão
A minha primeira aparelhagem foi uma caixa rectangular com tampa a qual continha um gira discos de agulha e os discos eram de 45 e 33 rotações, uma telefonia e um leitor de cassetes com gravador, o que era um luxo para a época, divertia-me a dançar com uma vassoura ao som da música dos Lps e dos singles, a qual, ainda hoje guardo como recordação dos meus tempos de infância.
Os jornais comentavam as notícias do dia o mais comprado era “A Capital” e o “Diário de Notícias”, as revistas da época eram poucas, sendo as mais compradas “A Crónica feminina” e a  “Maria”, a sua informação pouca e muito fútil.
Nos finais dos anos oitenta chegaram os computadores e mais tarde, por volta de1995 a internet, a maior revolução do século, a qual superou todas as expectativas possíveis e imaginárias, a confusão e ao mesmo tempo a curiosidade de manipular um computador, de falar com alguém do outro lado do mundo e de saber na hora as notícias do outro lado do atlântico.
Foram longas as noites  que me dediquei ao manuseamento do teclado, com o intuito de descortinar o seu funcionamento. Hoje sem ele não sou ninguém, fico completamente desarmada e, é a coisa mais natural do mundo.
Quando relato aos meus filhos as minhas memórias, eles não conseguem imaginar como era possível a televisão fechar a emissão às 23 horas, não ter comando para fazer zaping, adormecer ao som da música da telefonia e perguntam:
- Os avós não tinham dinheiro para comprar um computador?

Paula Ferreira 2 - AL

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